terça-feira, janeiro 20, 2004

PUTZ MORRI! Recomenda: A estranha família de Igby

Família é um tema porre geralmente em cinema. Sempre tende para algo sentimentalóide melodramático geralmente protagonizado pela Meryl Streep. Ou fica naquela lenga-lenga de mostrar o quanto temos que dar valor a nossa família por mais insuportável que ela seja ou na outra lenga-lenga de mostrar como a família oprime o indivíduo desde cedo como reflexo do sistema, blá, blá, blá. E sempre tem um maldito mártir, um maldito pobre-coitado que sofre única e exclusivamente porque se ele não sofresse não tinha filme e ponto.

"A estranha família de Igby" foge de todos esses pecados dos filmes sobre família. Um dos melhores enredos que eu já vi com personagens riquíssimos em aspectos psicológicos sem aqueles típicos arquétipos e estereótipos tão usados em filmes do tipo. O garoto "indolente" e "rico" não ganha nem o caráter de mimado nem de rebelde, assim como a mãe rígida e doente não pende nem para a 'megera" e nem para a "batalhadora". O irmão mais velho sacana não faz nada mais que qualquer irmão mais velho sacana faria. O padrinho não fica de falatório inútil mais do que qualquer parente do tipo ficaria. Os personagens agem como eles são, não me assustaria se eu descobrisse que essa é uma história verídica ou algo do tipo: as coisas se seguem no filme em um desencadeamento desprovido de maiores pretensões epifânicas, assim como se dá com qualquer um.

E é sobre isso que é esse filme: uma família como qualquer uma. Não existe nada de incomum nos problemas de Igby: sua mãe está com câncer e ele não quer a vida que a sua família quer para ele (problema enfrentado pelo menos uma vez na vida da maioria das pessoas que eu conheço). O filme algo que nós percebemos na nossa própria família: o quanto o nosso nível de intimidade não nos faz perceber as neuroses que cercam essa tão sacramentada instituição. "Insanity is relative!" é a frase de chamada do filme, e não tem melhor. Toda família é esquisita, não tem uma que salva! E quanto mais comum a família mais esquisita!

"A estranha família de Igby" pode ser tida como uma referência universal de como é uma família. Talvez esse grande trunfo só tenha sido possível pelo fato de que a única pretensão do diretor era contar uma história de verdade, do que poderia ser talvez uma família de verdade!

E por favor não vá beijar a sua mãe e falar o quanto a ama depois de ver esse filme... sente no sofá como você sempre faz e pergunte se tem coca-cola!

domingo, janeiro 11, 2004

Top 5 addiction!
(Obviamente inspirado por Alta Fidelidade com reforço de http://www.punkrockergirl.blogger.com.br)

Top 5 álbuns Favoritos

5. Yes - Fragile
4. Nirvana - Nevermind
3. Beatles - Revolver
2. Led Zeppelin - Led Zeppelin III
1. Pearl Jam - Ten

Top 5 Bandas Favoritas

5. Ramones
4. Iggy pop and the stooges
3. Black Sabbath
2. Soundgarden
1. Pearl Jam/Led Zeppelin (é duro escolher)

Top 5 Projetos paralelos ou "bandas-menos-conhecidas-de-pessoas-fodonas"

5. Dirty Mac
4. Yardbirds
3. Temple of the dog
2. Clearwater Conspirancy
1. Mad Season

Top 5 Bandas Atuais

5. System of a down
4. King of Leons
3. Black Rebel Motorcycle Club
2. The White Stripes
1. Queens of the stone age

Top 5 Grandes-Merdas

5. Carreira solo do Ringo Starr
4. Muse
3. Guns'n'Roses
2. Iron Maiden
1. Legião Urbana

Top 5 Gyn Rock City

5. The Zeroes
4. Mob Ape
3. Chef Wong's
2. MQN
1. Hang The Superstars

Top 5 BSB Rock

5. Aborrent
4. Satanic Samba Trio
3. Capotones!
2. Móveis Coloniais de Acajú
1. Prot(o)

Top 5 Trilhas Sonoras

5. Tommy
4. Forrest Gump
3. Vanilla Sky
2. Quase Famosos
1. Singles

Listar coisas no blog! A forma mais fácil de se postar algo quando se está com branco!

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Da pretensão e de como fazer dinheiro de forma fácil...

Foi assistindo o filme "Estrada Perdida" que eu tive uma revelação de como eu posso fazer dinheiro e ter fama de forma fácil. Não falo de piramides, consórcios ou empresas .com mas de algo sem muita técnica de adminstração de finanças Basta fazer algo sem o mínimo nexo! Uma música, um filme, uma peça ou um texto sem a mínima preocupação com o entendimento alheio.

O nome David Lynch é um nome com uma aura de grandeza e magnitude. Alguns de seus filmes que eu já vi são excelentes, no entanto outros são como um cubo mágico que foi mexido demais e assisti-los é praticamente uma prova de resistência. Por algum estranho motivo são exatamente esses os filmes que fazem mais sucesso. Por quê? Apenas pelo fato de serem mentalmente fatigantes? Aristóteles (autor de "Poética", livro que talvez tenha lançado as bases da narrativa ocidental) deve ter dado piruetas no túmulo quando o roteiro de "Estrada Perdida" foi escrito! O entendimento do enredo não está ao alcance dos meros mortais. Para quê? Do outro lado da tela nós temos o público. O público assite o filme e sai com que conclusão do filme? Eu não sei...

Como um filme com um enredo tão futilmente complicado é ovacionado por tantos? Muito simples: criticar essa característica tão gritante no filme seria assumir publicamente a sua burrice! "Como assim você não entendeu o filme? Está tudo nas entrelinhas!" Ora, se eu quisesse ver as coisas nas entrelinhas eu estaria em casa tentando decifrar os escritos de Nostradamus. "E você? Entendeu?" Essa pergunta geralmente é respondida com uma série de explicações que possuem a única (e ineficaz) função de escamotear a verdade de que teria mais fácil se tivéssemos visto um filme iraniano sem legendas!

Uma grande questão é quem é mais pretencioso: o diretor ou o espectador? Não dá para se saber, afinal o primeiro acha refúgio na pretensão do segundo! Ás vezes eu acho que o sr. David Lynch pensou "Ah, eu sou o senhor-todo-fodão David Lynch! Quem vai assumir que não entendeu o filme? E se assumir, quem irá levá-lo a sério?" Eu não entendi! E não faço a mínima questão de não ser levado a sério por uma meia dúzia de pessoas que vivem de citar notas de livros que nunca leram e de assistir filmes que não entendem...

Um mecanismo muito estudado na indústria cultural é o da coptação da contracultura. A contracultura manifesta uma série de estilos e tendências que são coptados pela indústria cultural e transformados em produtos. Eu aponto um novo mecanismo que ocorre dentro da própria contracultura: um artista pretencioso produz uma peça pretenciosa calçado na pretensão do seu público. O público, uma vez pretencioso, ovaciona aquela "enorme-inovação" causando um feed-back. Temos então um ciclo onde artista e público se encontram calçados em uma infraestrutura composta por pretensão, camisa golas rolês e cafés cults... E assim caminha a humanidade...