sábado, setembro 22, 2007

não se explique

Era uma garota normal, beirando o ordinário. Mas naquele jantar em meio às jornalistas de cultura, produtoras musicais, cenógrafas de teatro e pintoras naïf ela se destacava de maneira surreal.

Quem era? Amiga de quem? Alguém estava pegando? Ela andava alheia de grupo em grupo. Quem era o dono da casa? Seria filha dele? Seria a mulher dele? Seria a companheira de alguma cantora de bar? Quem era?

O vestido era simples, mas a maquiagem era carregada. Seria uma garota de programa? A troco de quê? Garotas de programa também saem para se divertir. Mesmo quando não são pagas para isso. E quem garante que elas são pagas para se divertir. E quem garante que elas se divertem. Sem digreções. Ela não é uma garota de programa.

O jeito tímido dela abordar os garçons quando eles passam com os canapés ou com as taças de champagne me deixa mais curioso. Ela não é desse mundo. Não vamos ter uma conversa excitante sobre cinema iraniano. Isso me deixa aliviado.

Quem é ela? Vou tentar falar com ela...

"Meu nome é Giselaine..."

E começamos a conversar...

Ela conversa emendando uma palavra na outra. Seu jeito de falar é meio brusco. A cada frase ela toma o ar com a boca e continua com um “é por’quê”, “intão”.

Eu ouviria os piores erros de português vindos daquela boca...