sexta-feira, dezembro 26, 2003

Ocidente-se - “Zen fascism will come to you”

Talvez não exista constante maior no cotidiano urbano do que a neurose. Penso e vivo na cidade, logo sou neurótico. Somos soterrados por informações, por padrões, por produtos... por qualquer coisa, mas principalmente por algo que é intransferível: responsabilidades. Temos responsabilidades demais: carreira, estudo, família, tradições. Com as responsabilidades vêm as cobranças, e quando não são as cobranças são as frustrações que vêm! As frustrações e as angústias giram em torno desse homem urbano atormentado em uma espiral de dor e desespero que o levam a um ciclo de ansiedade e depressão alternadas.

Acuado, o homem ocidental lança mão das mais diversas técnicas de tratamento de saúde vindos do oriente: acumpuntura, tai chi chuan, shiatsu, Nationaro kido... Os povos do oriente nos deu muito mais do que pastel e brinquedinhos “Made in Taiwan”: nos presenteou os mais diversos métodos de solução de problemas de saúde. Erra quem pensa que se trata de charlatanice: a ciência acadêmica ocidental (leia-se “a ciência válida”) pode vislumbrar muitas comprovações da eficácia e da coerência de muitas dessas técnicas, sendo estas até alvos de estudos nos mais diversos centros de pesquisas tecnológicas.

O homem ocidental encontra solução para sua enxaqueca, para sua dor de coluna, para sua espinhela caída... mas no entanto encontra uma dúvida: “De onde vêm os seus males?” A resposta é muito simples: vêm dos seu modo de vida. Daí então a dúvida se torna mais complexa: “Se meus males vêm do meu modo de vida, como posso solucioná-los?” Muito simples, honolável asno: mude o seu modo de vida!

O homem ocidental então procura mudar o seu modo de viver para entrar colocar seu ser em harmonia com vibrações menos pesadas do que as que o cercam. O que faz o homem ocidental então? Ele vai a uma série de palestras com alguém que tem mais pêlos na cara do que sua mãe teve no escalpo durante sua vida inteira a procura de respostas. Não satisfeito o homem ocidental compra a caixa com os vídeos de reflexão, os livros com os ensinamentos milenares de algum guru de meia idade , o cd com sons de córregos e pássaros, a caixa com mais de 200 cristais para harmonizar seu lar e leva inteiramente grátis sem nenhum custo adicional um lindo mensageiro do vento em cristal feito artesanalmente por freiras cegas que vivem no sopé do Himalaia...

Depois de encontrada a paz, o homem ocidental se torna mais leve, mais harmonioso e mais sereno. Extasiado com a enorme paz que preenche seu interior (uia!), o homem ocidental se torna não mais apenas um seguidor (leia-se “consumidor”) mas um pregador (leia-se “representante”) das idéias (leia-se “produtos”) milenares que mudaram a sua vida e o seu jeito de ser e de encarar os problemas.

Nasce então um comportamento altamente alienado de “pseudo-iluminação”. O indivíduo consome uma filosofia e um arcabouço de pensamentos na forma de um produto pasteurizado que resume toda uma série de conhecimentos em uma lista de tópicos, de receitas espiritualóides e de regras aparentemente incoerentes. O indivíduo, maravilhado com um discurso pretensamente transcendentalista, passa a questionar de forma estúpida coisas que estão acima da sua consciência construída em palestras.

É uma situação triste: um ser humano que desesperado agarrou-se a algo vazio de conteúdo e não tem idéia da superficialidade que se mostra tão intrínseca à sua consciência. Se já não bastasse isso, este comportamento apresenta uma característica extremamente perigosa: é extremamente contagioso. A cada tempo vai se multiplicando esse tipo de problema, e a cada novo degrau o conteúdo é mais vazio e coptado.

O desespero levou o homem ocidental a procurar a filosofia oriental. Como se já não basta-se ele consumi-la como uma aspirina-espiritual, ele subverte seus estamentos e a transforma em algo com um código de barra em alguma estante do Wal-Mart. A maioria dessas pessoas não tiveram um contato mínimo com a filosofia ocidental... filosofia esta que construiu seu modo de vida. Por que este homem ocidental não procurou uma solução ocidental para o seu problema? “Muito simples, pequeno gafanhoto, este honolável homem ocidental é honolavelmente tonga!”

A travada que antecede a queda

Uma das grandes dicotomias que existem no mundo ocidental é a dos vitoriosos e perdedores. Não existe lugar para empates: ou você ganha ou você perde. Se ganha, tem por direito os louros da glória, a lembrança da conquista e o direito de humilhar aquele que foi subjugado. Se perde, tem como prêmio o escárnio dos vencedores, a culpa da derrota e a vergonha estampada em sua cara.

Assim vem sido desde que o conceito de vencedor e perdedor fora concebido. Mas com o passar do tempo ocorreu um processo interessante: a perda do sentido da palavra “derrotado”. Você pode muito bem ser um derrotado na vida, basta que ninguém saiba. Ora, como as pessoas ao seu redor podem te amolar quanto aquilo que elas não têm conhecimento? É muito fácil ocultar o seu fracasso... nada que um carro 0 km, um sorriso perolado pré-fabricado ou alguns mililitros de silicone não ocultem...

Este é o grande problema: não existe mais uma dicotomia vencedores x perdedores mas sim vencedores x perdedores explícitos. Não ocultar o seu erro talvez seja a maior prova da sua inoperância e da insignificância da sua existência para a humanidade. Mas talvez não... talvez isso seja como potencializar ainda mais a importância da palavra “perdedor”. “Perdedor” passa a significar não apenas “incompetente” mas adquire um significado extremamente complexo que pode ser traduzido como “incompetente, além de fazer essa merda deixa ela aí para todo o mundo ver!”...

Mas o grande “X” da questão é: se a derrota atualmente se resume à humilhação que a sucede, o conceito de derrota perdeu o sentido e não temos mais uma noção exata do que é derrota? Aparentemente sim! A humilhação se tornou o âmago da derrota, subvertendo a relação de ação-reação que existe entre essas duas. No entanto, um dado instante que antecede às humilhações e até à definição dos vitoriosos e perdedores é onde reside ainda um pouco da essência do que é derrota.

Imagine um golero que vê nitidamente uma bola passando por entre suas pernas... ou um garoto que subindo uma árvore acaba de escorregar... ou um acionista que vê as suas ações recém-compradas começando a cair vertiginosamente... O que eles têm em comum? As caras desesperadas e da certeza de que os seus traseiros estão na brasa, talvez um pensamento calado que não deve diferir muito do “Ai! Eu me lasquei!”. Eles não apenas têm a certeza de que eles não vão se sair muito bem, como de que eles não possuem nada ao seu alcance para mudar a “agradável” situação. Eles são atingindos por uma sensação que mistura um pouco de frustração e um pouco de impotência e prisão que beira à claustrofobia.

Nós demos muito valor à nossa imagem para com os outros. Uma vaidade absurda e imbecil que não visa à nossa satisfação com uma perfeição talhada por nós, mas sim uma perfeição padronizada e estilizada e acessível a qualquer mortal. Nos tornarmos medíocres, medíocres aponto de ignorar esse momento mágico: a travada anal que precede a queda. Um momento em que todos os homens são iguais, uma sensação tão universal e atemporal quanto o amor ou a paixão. Ignoramos a magia desse momento em nome da nossa imagem (medíocre)... imagem essa que logo após esse momento mágico será depredada pelas mais diversas pessoas (medíocres) que poderiam até ter presenciado o ápice da vitória de um sobre o outro, mas nunca terão sequer uma noção torpe da travada que antecedeu todo espetáculo de esculhambação que eles ofereceram ao perdedor.


terça-feira, dezembro 16, 2003

Descoberto o primeiro indício da existência de um contador quântico.
Agência Reuteurs - Brasília

A questão dos contadores quânticos é uma dentre as muitas que cercam a física quântica recente. O modelo teórico acerca dos contadores quânticos foi enunciado pela primeira vez em meados da década de 1990 e desde então vem causado furor em um dos campos mais incertos da física. Os contadores quânticos seriam os entes que regeriam o processo aonde uma possibilidade se torna um fato real.

Até essa semana, os contadores quânticos eram tratados com certo ceticismo pela comunidade científica. Se analisarmos bem, essa é uma questão que extrapola a física e já passa à metafísica, atingindo de frente a noção ocidental de causa e conseqüência e levantando uma das questões mais conflitantes da humananidade: a existência de uma consciência cósmica (Deus).

Foi exatamente essa semana que na Universidade de Brasília (UnB), em um golpe de sorte e causalidade, identificaram e isolaram uma partícula que seria o primeiro contador quântico descoberto pelo homem: o Murphyon.

O Murphyon é uma partícula densa que rege de forma desastrosa sobre o processo onde uma possibilidade se torna um fato real. Quanto mais desastrosa e desvantajosa a possibilidade, maior sua afinidade com o Murphyon. Se o número de Murphyons do meio ultrapassar uma quantidade n (ainda não descoberta pelos cientistas), o evento será regido única e exclusivamente pelos Murphyons em detrimento à qualquer outra força ou contador quântico.

A partícula foi encontrada em um golpe de sorte (irônico, não?): um cientista do Instituto de Física que fazia uma contagem com um contador Geiger em seu laboratório encontrou-se incomodado com o barulho que vinha do CA de Sociologia que fica um pouco acima de seu local de pesquisa. Indignado com a balbúrdia o físico vai ao recinto tirar satisfações. Distraído, ele chega na pequena sala de contador Geiger em punho e percebe que o medidor do aparelho se encontra tresloucado quando ele se aproxima de um sujeito que ali estava. O sujeito passava por baixo de uma mesa de truco a hora que o cientista chegara (o motivo do barulho era o péssimo desempenho do indivíduo em uma partida de melhor de três, as quais ele perdeu todas). Intrigado com a agitação do contador Geiger, o físico chamou o sujeito para ir ao laboratório logo abaixo a fim de serem realizados alguns testes. O sujeito relutou, discursou sobre a liberdade de postura de cada um e sobre a questão da influência da criação de avós no comportamento adulto de indivíduos do sexo masculino. O físico explicou para o indivíduo sobre o resultado da leitura do contador Geiger e o mal-entendido se desfez (o sujeito é um estudante de comunicação social que havia feito física durante 1 ano, e tinha noções basais de quântica).

Quando chegou ao laboratório, percebeu que precisaria de formulários de entrevistas e do parecer do coordenador do Instituto de física. Deixou o sujeito no laboratório e quando voltou encontrou seus computadores atacados por bugs e um considerável vazamento de nitrogênio líquido no sistema de resfriamento de um reator atômico experimental. Curioso, perguntou ao sujeito se ele mexera em algo: negativo, o garoto nem saíra da cadeira onde estava sentado. Instigado o professor realizou vários experimentos e descobriu que o garoto era uma fonte primária de emissão de partículas quânticas. Não conseguindo identificá-la, o cientista pediu ajuda à Faculdade de Engenharia Física de Berkeley.

Uma equipe de cientistas californianos vieram a Brasília para tentar identificar a tal partícula. Depois de uma semana de estudos, foi isolado o Murphyon. Se a Lei da Gravidade é regida pelos gravitons, a Lei de Murphy é regida pelo Murphyon.

É impossível não se falar da descoberta desta partícula sem entrevistarmos aquele que pode não ter oferecido conhecimentos científicos para a descoberta dessa partícula, mas serviu de cobaia para essa descoberta fantástica.

Como você se sente participando dessa grande descoberta da física quântica?

É, eu realmente não esperava entrar para a história da ciência dessa forma. Pelo menos eu ajudei a fazer algo que preste desta vez.

Você parece meio macambuzo, pessimista eu diria...

Eu sou uma fonte primária do ente quântico que rege o potencial de erro no processo possibilidade-fato. Como você quer que eu me sinta?

Ora, mas isso te torna uma pessoa especial. Você é uma pessoa especial? Veja a quantidade de prazeres que você goza?

Tô sem grana, não tenho carro, meu telefone tá cortado, sofri uma crise alérgica, tenho uma dúzia de trabalhos para entregar e não tenho namorada! O que você me diz disso senhor "a-vida-é-tão-bela"?

Nossa, é realmente, você está em apuros. Eu diria que você é a pessoa mais (com o perdão da palavra) fudida que eu já vi. Você nunca pensou em se benzer? Arre! Que azar, meu filho! Você nunca pensou em fazer algo para melhorar isso?

Não sei... Acho que vou passar minhas férias em Alto Paraíso, passar por um tratamento de cristais, ter um contato maior com a natureza, procurar dissipar minhas energias negativas, meditar, sentar à luz de uma fogueira e cantar Raul Seixas...

NOSSA! Viu como você pode melhorar as coisas?

Você realmente acha que eu vou fazer isso! Olha bem pra minha cara... você acha que eu tenho cara de quem vai acampar em um lugar a mais de 30 km de um Mc'donalds e a uns 15 km de um computador com acesso à internet para cantar "Viva a sociedade alternativa" com um bando de pessoas que possuem um resíduo de massa encefálica pouco maior que uma jabuticaba.

Por que todo esse ódio no coração?

EU ACHO QUE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU MINHA SITUAÇÃO, MEU AMIGO! A DESCOBERTA DO MURPHYON NÃO FOI NADA MAIS PARA MIM DO QUE A CERTEZA DE UMA VIDA COBERTA DE FRACASSOS! COM CERTEZA EU TEREI UMA VIDA MEDÍOCRE, UM DESEMPENHO ACADÊMICO MEDÍOCRE, UMA VIDA SOCIAL MEDÍOCRE, UMA SÉRIE DE RELACIONAMENTOS MEDÍOCRES... SABE O QUE ISSO SIGNIFICA?

Não! Aonde você quer chegar?

SE EU CONTINUAR FADADO A TER UMA VIDA ACADÊMICA E PROFISSIONAL MEDÍOCRES... DENTRO DE ALGUNS ANOS EU NÃO PASSAREI DE UM COMPLETO IDIOTA QUE FICA COMO UM PATETA COM UM GRAVADOR NA MÃO FAZENDO PERGUNTAS ESTÚPIDAS A PESSOAS QUE NÃO ESTÃO NEM UM POUCO AFIM DE RESPONDÊ-LAS...

Então é melhor eu dar a entrevista como terminada?

Não! Se você quiser você pode me mandar um email com uma série de perguntas... Eu posso até te garantir exclusividade e te fornecer material para a minha biografia.

Ah! Você tem planos para um biografia... e qual será o nome dela?

Vai ser "A história do homem mais fudido do mundo escrita pelo mais doente"... Passar bem!

quarta-feira, dezembro 10, 2003

Aviso à comunidade blogueira

Eu sei que vocês devem estar afoitos graças à minha falta de posts (o número de comentários demonstra isso). A minha presença na cena blogueira é inegável mas minha ausência nesta vem sido constante graças à falta de tempo e de telefone...

Aliado à estas está a falta de saco e o excesso de efeitos da Lei de Murphy sobre mim... No momento estou utilizando a sala de informática da Antropologia, onde os sites sobre maracatu e bumba-meu-boi abundam o histórico.

Dentro em breve devo postar de um computador com processador menos potente e com bandas que possuam instrumentos que vão além de uma caixa de madeira...

Contamos com a atenção e advertimos os usuários da Telegoiás que não importa o quão bom piadista você seja os atendentes do SAC não rirão das suas piadinhas...

A direção

domingo, novembro 30, 2003

"Longview"

Olha o que a vadiagem domingueira nos permite criar...

>>>> Um teste sobre mim! <<<<...

Clique no meio das setas e veja o tamaaaaaanho da minha vadiagem...

sábado, novembro 29, 2003

"I'm a man of wealth and taste..."

Hoje eu fui a um showzinho de Rap/Hip-Hop. Coisa bem nua e crua. Pessoas de fato da "peri" (não os "gangsta posers" de sempre!) pegando o microfone e falando o que eles têm para falar. E o que eles tem para falar: a condição desgraçada em que eles são criados, as necessidades que ele têm, a sedução das drogas e do crime e as tragédias conseqüentes dessas alternativas (as mais comôdas às vezes e a mais plausíveis geralmente)...

O palco era uma pilha de ripas de madeira ajeitadas pelo próprio pessoal do CEU (Casa do Estudante Universitário, local onde rolou o show). O CEU é composto por 2 prédios de 2 andares que abriga os estudantes da UnB que são de baixa renda. O ambiente transpira funcionalidade, lá só se encontra o mínimo e necessário... mas para muitos que moram no CEU esse mínimo é quase extraordinário. É realmente interessante de um certo ponto de vista, jovens da periferia cantando as "treta" da vida bandida em um lugar que é símbolo de uma segunda alternativa (essa muito mais penosa mais muito mais proveitosa)...

Nesse ambiente de consciência social e política... de fraternidade de certa forma... que me vem um pensamento na cabeça: Eu realmente quero aproveitar todas as regalias da civilização ocidental, da água encanada ao caviar!

Sim, eu quero conforto! Quero almoçar em bons restaurantes, quero ter os meus livros e discos favoritos e quero ter um carro que eu adore! Quero uma casa aconchegante e bonita! Quero ter quadros, tapetes, móveis... tudo do jeito que eu gosto! Quero conhecer todas as cidades que eu já cansei de saber sobre! Quero conhecer lugares interessantes! Quero viajar uma vez ao ano (pelo menos) para algum lugar que eu queira conhecer! Quero jantar sushi com vinho em casa com meus amigos! Quero entender de vinhos (bons!), de whiskys (bons!) e de cervejas (boas!)! Quero ter meu loft no East Village, meu apartamento em Paris e minha casa de praia em Ubatuba...

"Nossa! Você é um ser consumista que vive para ostentar!" Sim, eu sou um ser consumista. Mas isso não quer dizer que eu almoce em restaurantes por serem caros, leia e ouça aquilo que uma revista semanal me diz ser bom! Nem que eu tenha uma casa montada por algum decorador "caréééézimo" e uma pá de quadros caros sem saber o que eles são de verdade! Não quero viajar para tirar fotos e ficar mostrando os slides para meus conhecidos "morreeeeeeeerem de inveja"! Não quero esbanjar a conta do restaurante para os meus amigos só para verem o valor de um Blue Label (mesmo porque eu prefiro bourbon a scotch). Não quero ter meus imóveis para serem mostrados em revista de "Chiques e famosos"!

"Nossa! Mas isso são coisas momentâneas e passageiras! Que tipo de vida você quer levar?" Eu quero a melhor vida que eu possa pagar! E o que é a vida senão uma sucessão de momentos? E sendo assim, por que não viver os melhores momentos! "Nossa! Você é fútil!" Não sou fútil, sou alguém que têm ambições maiores do que um trabalho de 8 às 18 e uma casa própria!

É isso o que dá quando pessoas de bom gosto nascem sem dinheiro. Elas são obrigadas a ver as pessoas erradas gastarem dinheiro de maneira errada! Não existe nada mais "espírito-de-pobre" do que ostentação! Ostentação nada mais é do que o reflexo da baixa auto-estima de uma pessoa que tem dinheiro mas não tem classe ou bom gosto. Pessoas deveriam perceber que quando se ganha dinheiro ganha-se para si mesmo, não para os outros.

"Você sabe que você está fazendo apologia a um sistema capitalista voraz fundado num quadro de consumismo e frustração!" Sim! E eu espero que continue assim... meu emprego dependerá disso...

domingo, novembro 23, 2003

"O bom e velho rock'n'roll"

Tá certo que o Noise passou faz tempo... e que a poeira já baixou... e que ninguém fala mais do festival. E é por isso mesmo que eu resolvi depois de quase um mês falar do Noise (Mentira! Eu não falei antes por preguiça mesmo!)...

O IX Goiânia Noise Festival aconteceu no começo desse mês no Jóquei Clube de Goiânia. Foram três dias de shows que realmente valeram os reais gastos nos ingressos. Tudo bem que não houve nenhuma banda que fosse uma grande novidade em GYN, a maioria das bandas já haviam tocado na cidade. A qualidade geral das bandas estava muito boa, boa suficientemente para fazer deste pequeno detalhe um mero dado estatístico talvez. A infraestrutura do festival passou para um nível além daquele que estávamos acostumados.

Essa melhora na infraestrutura é muitas vezes vista como um pomo da discórdia. Estaria o Noise se comercializando, até chegarmos ao nível de haverem convites VIP's, camarotes e essas coisas típicas de micarê? Até que ponto essa melhora pode não só tornar o Noise mais comercial, bem como tirar o aspecto independente do festival?

As lembranças dos diversos Noise's realizados no Martim Cerere, no Cine Santa Maria ou na E.T.F.G. (atual CEFET) são realmente legais. Tempo que organizar show em Goiânia era chamar as bandas, comprar birita, panfletar e no máximo fazer cartazes (lembrar desse tempo faz com que o ar cheire a pingorante e catuaba). O festival era feita de maneira semi-toska, a maioria das bandas era da cidade e não sei quantas pessoas foram para os festivais dessa época sem ter idéia das bandas que iriam tocar. Era completamente "Teenage fun"... Em um tempo em que metade da cidade ia na Pecuária enquanto a outra ia para o CarnaGoiânia...

Mas passaram-se 9 anos desde o primeiro Noise (4 desde o primeiro que eu fui), e em 9 anos as coisas crescem. Pouco menos da metade das bandas que tocaram nesse festival eram da cidade. A dimensão do lugar e o público fez com que a frase "A gente se encontra no Noise!" se tornasse quase uma impossibilidade. O primeiro dia de Noise teve uma quantidade considerável de pessoas que não se vê nos showzinhos que rolam durante o ano, pessoas que foram para um festival de música independente como se fossem para uma "balada" (argh!). Esse imprevistos eram praticamente previsíveis (e em parte até recorrentes de edições mais recentes, mas desta vez em dimensões maiores) e podem ser vistos como mera "frescura". Mas essa "frescura" não parte de qualquer grupo de pessoas, parte das pessoas que vão aos showzinhos que rolam o ano inteiro na cidade e das pessoas que viram o Noise crescer. Essa "frescura" não é só fruto do mero incomôdo de não ter encontrado todos os seus amigos que foram ao Noise, nem da aporrinhação de dar de cara com aquele playboy nojento que você tem que aturar todo dia no seu trabalho ou na faculdade... essa "frescura" é fruto da nostalgia do "bom e velho Noise"...

Esse IX Noise Festival pode ser visto como um divisor de águas. uma espécie de "o bom e velho Noise se foi!". O Noise ganhou tamanho, qualidade e principalmente credibilidade. Essa edição do Noise fez (ainda mais) o filme de Goiânia no meio underground e deu uma projeção considerável para a cena goiana. É um festival desse que chama a cada edição mais e melhores bandas.

Goiânia Rock City não é um lema pretencioso (como alguns falam aqui de dentro do quadradinho)! Quantas cidades possuem um festival do porte do Noise ou da Bananada sem um patrocínio considerável (TIM fest e BMF por exemplo)? As coisas crescem e resistir a isso é algo normal. Se o festival vai se tornar uma versão rock'n'roll do CarnaGoiânia? Acho que as pessoas são naturalmente sensatas e não tirariam todo o tempero outsider que o Noise possui (afinal de contas, em essência esse é o seu maior atraente). Não é sobre "lutar contra o sistema" ou algo do tipo... é sobre rock'n'roll!

O dia em que bandas consideráveis do meio independente tocarem em Goiânia no Noise, ainda lembraremos de todo pingorante gasto até chegar a esse ponto e o fato de o festival estar cheio de pessoas "nada haver" será uma pequena apurrinhação...

sábado, novembro 22, 2003

"Please allow me to introduce myself..."

"Os demônios estão aí para nos tentar, irmãos. Eles usam as mais ardilosas armadilhas para nos seduzir e nos corromper. O mal está a solta nesse mundo e ele nos cerca por todos lados. Irmãos, olhai-vos a TV e a mídia... em cada grande empresa de comunicação existe um demônio..." - Trecho de um sermão de um pastor evangélico em um programa televisivo



Em uma típica manhã de sábado, eu voltava para casa quando parei em uma banca para comprar uma revista. A banca fica na minha quadra e já sou freguês assíduo, sempre fui muito bem tratado (mesmo naquele sábado, quando eu estava com o cabelo extremamente despenteado graças a umas poucas horas de sono no sofá da casa de uma amiga e com uma ressaca estampada na minha cara). Entrei na banca e comecei a procurar a revista que eu queria, quando eu comecei a escutar um programa de pregação na pequena TV que a senhora possuia dentro da banca.

Sem ofensa nenhuma, mas o programa me pareceu bem engraçado. O pregador falava mais sobre "demônios e entidades malignas" do que sobre os ensinamentos da Bíblia ou a liturgia em geral. A variedade de demônios que este citou só não barra a variedade de erros de concordância nominal (leia-se "plural e singular") na sua pregação. Mas com certeza o que mais me deixou extasiado foi a citação acima.

Lúcifer, Satan, Cramunhão, Pé-de-bode, Capeta, Diabo, Belzebú... e agora... PATRÃO! Essa é boa... como a gente manda um rascunho, um memorando ou um simples bilhete para um chefe desses? Como é que fica a questão do salário? Eu não quero receber meu salário em almas... Não dá para comprar coisas com almas nesse lado da existência. Já pensou em fazer um cheque com o valor de "Nove almas puras e cinqüenta penitentes"? Acho que empresas normais não aceitariam... a não ser a Microsoft talvez...

Precisamos satisfazer então as necessidades do nosso maior empregador já que o curso de Comunicação Social não oferece qualificação necessária para tal. Sugiro que sejam inseridas matérias como "Heresia I", "Introdução à corrupção", "Satanismo Geral" ou "Culto Satânico Experimental". Quantos alunos de Comunicação Social são iniciados em alguma seita demoníaca? Acho que são raros aqueles que já pensam no seu futuro...

O que me intriga é como se daria na verdade o funcionamento das grandes empresas de comunicação, uma vez que elas são dirigidas por indivíduos que possuem uma mesma diretriz. Seriam as empresas de comunicação um conglomerado de empresas consorciadas em função única e exclusivamente da perversão e corrupção da humanidade. Será que se lermos com atenção todos os créditos (quem lê aquilo?) de programas ou filmes notaremos coisas como "666" ou "another satanic production released by Hell Inc."?

Quantas coisas horrendas que assolaram a humanidade não foram impulsionadas pela mídia em prol da causa cramuhônica? Acontecimentos brutais sem explicação que chocaram a humanidade. Desde o III Reich até os programas de domingo... todos eles... obras da manipulação maligna da mão negra...

Trabalhar em comunicação pode ser mais delicado do que se pensa. Ou você serve uma entidade que tem como objetivo a decadência humana (o que de todo não é tão difícil... são anos no mercado... e o público-alvo parece até um tanto simpático...)... ou segue os seus princípios religiosos e espirituais rumo à iluminação (e ao cheque-especial, ao CERASA, à casa dos pais...)...

sexta-feira, novembro 21, 2003

Sim! SIm! SIM!

Depois de mais de 2 meses fora do ar devido a causas que não convém serem levantadas aqui... o "Putz... Morri!" volta à ativa!

Nesses 2 meses as forças de Murphy (esse verme insolente!) conspiraram contra este blog bem como contra seu escritor-editor-redator-revisor-porteiro-estagiário... Tudo que pode dar errado deu... e o que não podia também! Trabalhos, seminários, fichamentos, resenhas e o escambau... o mundo parecia acabar em trabalho para a faculdade!

Foi nesse lapso de 2 meses que o "Putz... Morri!" completou 1 ano de existência... O que mudou de lá para cá? O endereço e o meu nick... hehehe! Mas aqui estão as FAQ's que chegaram a mim por email, telefone ou pessoalmente:

1."Marcus, seu babaca! Por que o nome dessa coisa é 'Putz... Morri!'?"

Bem... tudo começou quando eu pensava em montar um blog... O nome estava entre "Dyin' Dayz" (que coisa mais "quero ser junkie!") e "I talk to the wind..." (que coisa mais hipponga mané!)... Eu mesmo não gostava taaaaanto desses nomes... foi quando eu sentei no computador para jogar Super Mario World (em um emulador de SNES), enquanto eu ouvia Nirvana... Foi quando eu precisei ir até o meu quarto para pegar algo... Quando voltei eu vi o meu computador com uma tela de Mario, a caixa do Nevermind, a TV sintonizada na MTV e uma das minhas 200 camisas de flanela (xadrez, claro!)...

É uma imagem bem corriqueira... bem rotineira na verdade! Mas quando ví aquilo... eu me ví com 20 anos fazendo as coisas que eu fazia com 15 anos... E é bem verdade... eu acho que eu não mudei muita coisa dos 15 anos para cá (não eu não tenho certos hábitos de moleques de 15 anos...)... Olhei para mim mesmo e para minha playlist no meu computador e descobri que eu morri em algum ponto da década de 90... Eu sou o último grunge... o último dos flanelados...

Pode parecer comicamente triste isso... mas eu não acho... pelo menos eu não fui vítima de hypes como clubbers, nu-metal ou o recente hype indie... Nem fui vítima do estúpido revival da década de 80... Hehehe! Se danaram...

2."Por que você mudou o endereço?"

Por dois motivos... o primeiro é que o blogspot permite que eu não precise me preocupar com FTP e coisas assim... o outro é que a HPG está remando contra a maré e resolveu restringir os uploads para conexões feitas através do IG...

3."Por que você mudou o seu nick?"

Na verdade eu não mudei o meu nick... é só porque eu já tinha a conta Even_Darker no blogspot... eu não via utilidade em montar uma conta com o username Dark_Paladin (mesmo porque com certeza já deve ter...)...

Se bem que Dark_Paladin e Even_Darker são muito diferentes... e dependem do meu humor para escreverem... heheheh!

4."E o 'Peçonha'? Que coisa é aquela?"

O "Peçonha" é um blog escrito inicialmente por mim, a Lee, a e a Liris. Muitos encaram o Peçonha como um antro de pessoas maléficas que procuram denegrir a imagem de pessoas públicas e outras coisas... Isso não é verdade! O Peçonha é um antro de pessoas desocupadas e sarcásticas que procuram única e exclusivamente difundir uma idéia: a de que nada é tão sagrado para não ser achacrado! Se as pessoas possuem um QI de ameba ou o ego de um avathar e não podem lidar com isso, DANE-SE! Liberdade de expressão é você poder falar exatamente aquilo que as pessoas não querem ouvir!

5."Afinal... você é goiano, candango ou paulista?"

Eu sou algo em algum ponto entre os três... o que não quer dizer que eu seja mineiro... hehehe!

E está aí a solução de todos os mistérios desse blog...


segunda-feira, outubro 20, 2003

Improvisando...

O Hpg deu pau... fiquei todo aquele tempo sem postar... daí o maldito Hpg vem com a frescura que upload via FTP só poderia ser feito por conexão IG... HEHEehEheHE! Eu não pago ADSL a toa... PAU NO CÚ DO IG!

Pois é... aqui está o novo "Putz... Morri!" prestes a fazer aniversário... sem template comentário nem nada...

Em breve eu arrumo essa jossa...

Çáççà Müntêmã!!Çáççà Müntêmã!!Çáççà Müntêmã!! (isso é um teste engraçado!)

terça-feira, outubro 07, 2003