terça-feira, outubro 19, 2004

What if I want to spit the red pill?

Soundtrack: Smashing Pumpkins – Muzzle
Soundgarden – Like Suicide
Rolling Stones – Gimme Shelter
Pearl Jam - Satan's Bed
Queens of the Stone Age – Go with the flow


Por volta dessa mesma época há 2 anos eu estava criando este blog. A primeira versão do “Putz... Morri” (nome inspirado em uma piada auto-irônica) era feita em Dreamweaver, com uma diagramação tosca e com um layout que lembrava bastante as primeiras página pessoais do Geocities. O conteúdo: reflexões de um cara 20 anos que saíra do lugar onde foi criado (e de onde foi se sentir parte tarde demais para ser nostálgico) vivendo em uma república com amigos de infância (pré-adolescência na verdade...). Era um misto de diário com algumas crônicas que variavam entre uma alta indulgência patética (frutos de um temporário período de depressão) e um impulso pela sátira bruta. Uma série de problemas pessoais, junto com uma frustração vocacional e uma gorda porção de rock'n'roll serviram de inspiração para uma série de textos marcados por uma certa ingênuidade com uma dose mínima de introspecção. Naquela mesma época eu mantinha um caderno com o título de "This funny and wicked season I'm passing thru hell" onde eu escrevia alguns poemas. Por mera intuição porralouquistica eu resolvi queimar o caderno e apagar a primeira versão do blog... Daí a imprecisão da data de fundação do blog (e a subseqüente inexistência daqueles poemas).

A segunda fase do blog ainda tinha um tanto da primeira. A medida que o tempo passou eu fui afastando minha vida pessoal do conteúdo do blog e acrescendo de mais crônicas e mais ensaios. A proposta se tornou mais humorística e os textos um pouco melhor elaborados. Acabara de sair da física e mudar para a comunicação. Foi nesta época que eu fiz a série "Admirável mundo Underground" onde eu satirizei alguns tipos da cena alternativa. Naquela época meu tempo era dividido basicamente entre o blog e a banda que eu tinha na época.

Depois de um longo tempo sem escrever, resolvi elaborar um template mais cool e mudar o endereço para o blogspot. Isso aconteceu na mesma época em que eu e mais 3 amigas criamos o "Peçonha", um blog de "caráter crítico sarcástico" onde eu aprendi uma coisa muito importante: NÃO! Eu não sei trabalhar em grupo! Foi aí que os ensaios começaram a se tornar mais freqüentes, geralmente tratando sobre rock'n'roll, cinema e comunicação. Essa mudança se deu bastante por conta do meu contato na época com Edgar Morin, Umberto Eco e Ortega Y Gasset, e também pelo meu gosto pelo assunto "comunicação" em geral. No blog, eu produzia algo enquanto na faculdade eu era adestrado a apenas reproduzir os textos dos autores (eu acho que a universidade brasileira além de gagá está formando "eruditos apertadores de parafuso"). Por mais pretencioso e "acadêmico" que eu pareça, dúvido que exista alguma conclusão sensata nos meus textos. E se alguém me leva realmente a sério, pelo amor de Deus...-

Depois de mudar para o blogspot o blog passou a ter muitos lapsos de criação. Os motivos nem são tão plausíveis, mas o fato é que de alguma forma eu não consigo conciliar a faculdade (acrescida de alguns trabalhos como "crítico") com a produção para o blog. É realmente engraçado, mas eu passo um semestre ruminado toda a #%@& que me botam para copiar na faculdade para depois produzir alguma coisa nos momentos de folga. PERFEITO! Peguei as últimas férias para produzir uma série de 20 textos para manter o blog atualizado pelo menos de 2 em 2 semanas. Mas Murphy é onipotente, onipresente e onisciente e derramou toda a sua ira sobre o computador da minha irmã em Goiânia.

O futuro do "Putz... Morri" é tão incerto quanto o meu. Depois da temporada saindo do inferno descobri que o que me esperava depois da tempestade não era a bonanza, mas uma chuva chata que empata os planos de um final de semana. Durante o meu 3° ano e o período no cursinho (e o curto período em que eu "cursei" Redes de Computação no Cefet) tudo que eu fiz foi tentar sair de Goiânia de qualquer forma. Não que eu não goste de Goiânia (au contraire, mes amis), mas Goiânia é para mim a capital da comodidade. É o lugar onde eu sou amigo do rei e toda aquela coisa.

Por menos cômoda que seja minha vida em Brasília, toda vez que eu volto de um (ótimo) final de semana em Goiânia me vem um sentimento meio "vini, vidi, vici". Cheguei em Brasília e em poucos meses me adaptei ao lugar, fiz algunso dos meus melhores amigos e conheci pessoas interessantíssimas. Por mais tempo que eu ainda viva em Brasília, ela sempre vai me parecer uma mata virgem de concreto. Sempre há algo de novo e de estranho para se conhecer em Brasília. As pessoas daqui reclamam porque são muito... muito "sem problemas" (como diria um professor meu sobre mim)...

Fato: minha vida em Goiânia é muito mais "de boa" do que aqui. Lá eu não preciso de entrar no limite, nem ficar paranóico com conta, nem ficar me regrando, nem me conter na hora de comprar um livro. A cada dia que passa, a necessidade de um emprego remunerado se torna mais presente (Obrigado, pai! Continue perdulário... pretendo extirpar seus bens ainda!). Mas em Brasília eu fiz uma vida própria minha... minha vida aqui é muito mais minha. Minha casa, "minha" cama, meus amigos...

Eu e meus amigos daqui estivemos em Goiânia no último feriado prolongado. Saímos, levei-os à Praça do Sol onde eles ficaram impressionados com duas coisas: as garotas e o preço das coisas. Justamente a principal queixa de todo mundo quanto a Brasília. A minha tange muito mais a dinheiro do que a mulher... mas tange pacas.

"Você deve ficar pensando em voltar para cá todo final de semana que você vem, né?", perguntou meu amigo Daniel (o primeiro que eu fiz em Brasília). Pior que é verdade. Mas como Neo no primeiro Matrix, eu acho que não posso cuspir a pílula. Já entrei, não tem volta. Por melhor que seja voltar, eu nunca iria me perdoar. Nem que me descem a chave da cidade. Por mais tosca que seja minha situação em Brasília, eu digo ao povo que fico. É um osso duro de roer do qual eu não abro mão...

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